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Como o livro sobreviverá à era da informação?





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Quando discutimos a Web e todo o mar de tendências que costuma pavimentar o caminho até o futuro, normalmente acabamos desconsiderando que estamos falando de conhecimento. Afinal, seja entrando em portais, trocando experiências em redes sociais ou mesmo comprando online, o fato é que o santo graal da era moderna é justamente o acesso, de alguma forma, a qualquer tipo de conhecimento que possa beneficiar as nossas vidas tanto no âmbito individual quanto coletivo.

E isso é especialmente curioso quando percebemos que, de todas as modalidades de conhecimento que tem a tecnologia como aliada, a que menos evoluiu foi justamente o livro.

Sim: há uma discussão já de longa data no mercado editorial sobre o embate entre livros impressos e livros digitais – sendo estes representados, ao menos em tese, por arquivos em aparelhos como o Kindle que fazem de tudo para emular a mesma sensação do seu predecessor analógico: o papel. E esse é o ponto mais irônico de todos: o ebook, tal qual o conhecemos, nada mais é do que uma digitalização monótona da palavra impressa, carregada de restrições a formatos e a usos mais concretos de tecnologia.

A pergunta que surge é simples: o futuro do livro realmente está em uma tediosa discussão sobre o seu formato?

Certamente que não.

Aliás, de imediato, já é possível citar três itens muito mais relevantes para todo esse debate:

1) O Kindle deve perder a sua hegemonia e o mundo dos ereaders deve ruir
Em um mercado tão dominado pela Amazon, uma previsão como essas corre o risco de ser confundida com um devaneio lunático. Mas pare e pense: o Kindle, bem como praticamente todos os ereaders, é focado em reproduzir, digitalmente, uma experiência absolutamente analógica de leitura. Ele não permite o uso de apps, a acoplagem de funções mais interativas, uma navegação mais em rede – e esses pontos são pre-requisitos, hoje, para qualquer nova experiência de leitura. Para sobreviver, o Kindle precisará se transformar em um tablet ou, eventualmente, abrir mão do hardware e se focar em sua própria app, que já roda (embora ainda cheia de limitações) em produtos como o iPad.

Não dá para dizer qual o caminho que a Amazon escolherá – mas dá para afirmar que ela precisará escolher entre um deles.

(A propósito, desde o primeiro trimestre de 2013 já se começou a registrar queda – de expressivos 23% – no uso de ereaders como o Kindle em relação a tablets para a leitura de livros.)

2) Haverá cada vez menos best sellers no mundo
A autopublicação já é uma realidade incontestável no mercado tradicional. Apenas o Clube de Autores, com 5 anos de vida aqui no Brasil, já contabiliza 10% do volume anual de publicação de novos títulos em todo o país. O que isso significa?

Que o modelo tradicional de editoras selecionarem autores e livros a dedo, entregando ao mercado um volume parco de opções, chegou ao fim.

O resultado da era da informação é uma multiplicidade praticamente incontável de demandas por conteúdo de maneira desalinhada à capacidade de entrega do mercado tradicional. Exemplificando: há, hoje, pessoas interessadas em temas ultra específicos como “o impacto da física quântica nas nossas decisões cotidianas”. Só que o número de pessoas em um nicho como esse é mínimo, aquém do suficiente para viabilizar qualquer tipo de publicação de livro em alta escala. No passado, isso significaria que qualquer interessado no assunto ficaria a ver navios, tendo a sua demanda não correspondida por nenhuma oferta prática.

Hoje, no entanto, esse modelo mudou. Um livro sobre esse tópico pode ser publicado diretamente (e gratuitamente) pelo autor e comprado pelos que se interessarem, sendo entregue de forma física (impresso um a um) ou digital.

Mas o maior impacto desse modelo, que tem crescido no mundo todo, é justamente a “nichificação das demandas”. Cada vez mais, demandas mais peculiares encontrarão ofertas perfeitas para supri-las, ampliando uma cauda longa editorial que era ignorada até poucos anos.

Não é que nunca mais tenhamos obras como “50 Tons de Cinza”: sempre haverá algum tipo de oferta que consiga atender a demandas mais generalizadas, transformando-se em um best-seller. Mas, no mar de novas ofertas que chega para competir por um público cujo tamanho cresceu relativamente pouco, a oportunidade de vendas explosivas de um único título é certamente menor na medida em que nichos e micronichos encontrarem livros feitos sob medida para atendê-los.

3) O livro deixará de ser livro
Enquanto se debate sobre formatos (impresso vs. digital), o mercado caminha para uma mudança muito mais estrutural. Sim, ainda há uma predominância de mais de 90% na venda de impressos em relação ao digital. E, sim, é praticamente inconcebível desconsiderar que o futuro tende a ser digital. Mas até que ponto essa evolução deve manter as mesmas características de um livro tradicional? Até que ponto a diferença entre livro impresso e ebook será apenas a falta de papel e tinta e uma maior capacidade de armazenamento de conteúdo?

Pelo que temos visto, o livro do futuro deve permitir acesso a discussões praticamente em tempo real entre seus leitores, a entrevistas com autores ou especialistas no assunto, a novos artigos ou livros relacionados, a quizzes, testes, aplicativos. Ou seja: um livro será muito mais do que uma narrativa linear com começo, meio e fim: ele será uma espécie de árvore de conhecimento, ponto a partir do qual todo um tema se desenrolará de maneira pouco previsível, descontrolada.

Um livro, portanto, conseguirá de fato emular o conceito de conhecimento nos nossos dias atuais ao se transformar em algo mais denso, livre e absolutamente dinâmico.

E, com isso, ele deixará também de ser livro. Ao menos da maneira que o conhecemos.

FONTE: http://idgnow.com.br/blog/planoseideias/2014/04/29/como-o-livro-sobrevivera-a-era-da-informacao/