Por Marina Grossi
Há mais de uma década, grandes empresas instaladas no Brasil investem em tecnologias inovadoras e modelos de governança para desenvolver produtos e serviços mais sustentáveis. Utilização de materiais com baixa emissão de carbono, sistemas de reaproveitamento de água, reciclagem de resíduos, estímulo à formação de empreendedores são algumas ações que fazem parte da rotina de corporações com visão de futuro. Assim objetivam reduzir o impacto de seus processos produtivos no meio ambiente e ampliar a inclusão social e, consequentemente, a expansão do mercado.
Contudo, os benefícios ambientais, sociais e econômicos dessas iniciativas voluntárias do setor empresarial ficam, na maioria das vezes, restritos ao âmbito da cadeia produtiva das empresas. Por falta de marcos regulatórios que estimulem ações sustentáveis e criem barreiras àquelas desconectadas com a sustentabilidade, todo esse esforço não se reproduz com a abrangência e a velocidade necessárias e deixa de oferecer à sociedade brasileira a oportunidade de construir um novo modelo de desenvolvimento.
Com base nesse diagnóstico, um grupo com mais de 20 presidentes de empresas brasileiras de diferentes segmentos lançou a ideia, no final do ano passado, de elaborar um documento propositivo endereçado aos candidatos à Presidência da República, como também aos postulantes aos demais cargos eletivos. Após sucessivas reuniões coordenadas pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e com a contribuição de técnicos das empresas e de instituições civis e acadêmicas, foi editada a "Agenda CEBDS - Por um País Sustentável".
O documento contém 22 propostas de políticas públicas baseadas no conceito de sustentabilidade para atender às demandas da sociedade. Indicam a direção para transformar passivos ambientais em vantagens competitivas no mercado internacional e aplicar os mecanismos de negócios na promoção de um país com melhor saúde, educação, saneamento, mobilidade, oferta de alimentos, água e energia limpa, barata e acessível a todos.
As propostas da agenda abrigam cinco macro-objetivos: agregar valor e competitividade aos produtos da indústria brasileira; valorizar e proteger os ativos e recursos naturais brasileiros; ampliar o acesso à infraestrutura e serviços básicos e de qualidade para a população; promover eficiência e qualidade de vida nos centros urbanos brasileiros e liderar a transição para a economia de baixo carbono.
O CEBDS acredita que um país próspero, justo e responsável depende do comprometimento entre empresas, governo e sociedade civil para dar escala às ações sustentáveis e assim construir um país melhor. Por isso, o lançamento da agenda vai além das eleições. É o marco zero de um diálogo contínuo entre empresas e governo, bem como a instalação de um observatório, que permita o acompanhamento e a colaboração da população a todo o processo.