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A violência sobre rodas





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O Mapa da Violência 2013 — Acidentes de Trânsito e Motocicletas traz um dado perturbador para os capixabas: o ES é um dos estados mais letais do País.

Quem já enfrentou as ruas e avenidas de São Paulo ou do Rio de Janeiro deve pensar que o trânsito nesses dois estados é muito mais violento que no Espírito Santo. Engano. O Mapa da Violência 2013 — Acidentes de Trânsito e Motocicletas, publicado nesta quinta-feira (21) pelo Flacso Brasil, sob a coordenação do professor Julio Jocobo Waiselfisz, aponta que, proporcionalmente, a letalidade no trânsito capixaba é uma das maiores do País, superando de longe as taxas dos vizinhos do Sudeste. 
 
Segundo o estudo, a taxa de óbitos no Espírito Santo é a sexta mais alta do Brasil: 32,7 mortes no trânsito para cada grupo de 100 mil habitantes, dados de 2011. São Paulo é só o vigésimo quinto (17,7), e o Rio de Janeiro o vigésimo sexto (17,2), respectivamente, ocupam a antepenúltima e penúltima posições  na tabela nacional. 
 
O levantamento detalhou as mortes no trânsito nas seguintes modalidades, acidentes envolvendo pedestres, ciclistas, motociclistas, motoristas de automóveis e de transporte de cargas e passageiros de ônibus. No recorte automóveis, a situação é ainda mais grave. O Espírito Santo lidera o ranking nacional, com a impressionante taxa de 15,8 óbitos/100 mil habitantes. Índice cinco vezes superior à taxa registrada, por exemplo, no Rio, nessa modalidade: 3,4/100 mil, ou em São Paulo, 4,2. 
 
Somente esses dados da pesquisa revelam uma realidade perturbadora: o Espírito Santo não é só violento em relação aos crimes de homicídios (segundo no ranking nacional), a cultura da violência, de alguma forma, se traduz também sobre rodas. 
 
O estudo traz informações importantes para uma profunda reflexão das autoridades capixabas. Muitos desses acidentes, talvez a maioria, não são casuais, fortuitos ou meros caprichos do destino, mas resultado, muitas vezes, da imprudência: excesso de velocidade, combinação álcool e direção e outras causas relacionadas ao desrespeito às leis de trânsito — desde a falta de equipamentos de segurança até a manutenção precária dos veículos. 
 
Embora a imprudência seja uma das principais causas dos acidentes de trânsito, as autoridades públicas não podem simplesmente adotar um discurso de conformação e repetir o sermão, por meio de campanhas educativas, que a redução de acidentes está nas mãos de quem segura o volante. Essa é só uma estratégia para empurrar a responsabilidade para o motorista e isentar o Estado da "carnificina" que presenciamos diariamente no trânsito. É responsabilidade do Estado desenvolver políticas públicas para reduzir essas taxas.
 
A diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, em recente documento, alerta que, de longe, a prevenção é o melhor caminho para reduzir o número de acidentes. Ela adverte que as autoridades públicas precisam se preocupar em construir vias mais seguras, pensar desenhos de infraestrutura que contemplem, prioritariamente, o pedestre e o ciclista, além de promover melhorias no transporte público. Temas que, não por acaso, foram levados às ruas recentemente. É importante também que os fabricantes construam veículos mais seguros, com itens de segurança de série, e não vendidos a preços astronômicos como acessórios de luxo. 
 
Todas essas medidas podem ajudar a reduzir os índices de acidentes no trânsito e consequentemente diminuir as mortes e a legião de sequelados vítimas do asfalto. É preciso entender melhor também por que no Espírito Santo a cultura da violência se manifesta de maneira tão veemente sobre rodas.